Há algum tempo atrás, ela acreditava.
Nunca viveu em função dessa crença, mas sorria ao imaginar.
Não tinha tudo minimamente planejado em sua cabeça porque acreditava
Que esse tipo de coisa não se planeja, acontece.
Claro que crescer influenciada por filmes e livros ajudaram-na a construir cenários,
Mas as histórias sempre mudavam.
Com o tempo ela foi percebendo que a maneira como tudo acontecia
Não era tão bonita assim, e então decidiu começar a planejar.
Só que os problemas aumentaram, porque ninguém além dela mesma
Parecia seguir o planejamento.
E então o friozinho apareceu.
No início era só uma brisa, bem de leve que batia no peito.
Mas a cada vez que ela tomava um choque de realidade
O frio aumentava um pouquinho.
Até que ela percebeu que ali, bem do lado esquerdo
Havia um pedaço congelado.
Muitos podem pensar que ela achou estranho,
Mas na verdade ela achou interessante.
A sensação era boa, acalmava.
E desde que aconteceu a mudança, as coisas pararam de incomodar tanto.
Não tinha aperto, não tinha dor...
O frio anestesiava.
Também era um pouco solitário,
Porque ninguém conseguia resistir à temperatura por muito tempo.
Alguns chegaram a tentar, e por um tempo pareceram não se incomodar tanto,
Mas no final eles desistiram, buscando lugares mais aquecidos.
Por mais confortável que fosse pra ela,
Ela ainda receava que o frio se tornasse sua única companhia.
Foi quando ela descobriu que "até corações gelados ás vezes precisam de um cobertor".
E que amigos eram os melhores cobertores do mundo.
Apesar dos pesares,
Ela vive até hoje no Pólo Norte.
Distante de todos que poderiam descongelá-la, aquecê-la
E mostrar que no fim das contas, o verão não é tão ruim.
Mas também distante de todos que poderiam derretê-la e depois partir,
Deixando apenas a água desse derretimento escorrendo em forma de lágrimas.
Mas ela não se importa.
Ela sempre preferiu o inverno mesmo.
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