7/17/2015

Amargura.

Eu já sabia o que você achava de mim. Acho que sempre soube.
Durante muito tempo eu tentei provar que na verdade não sou o que você acha que sou. Que sou melhor, mais forte, mais inteligente, mais qualquer-coisa-que-seja. Agora percebo que grande parte dessa minha necessidade de me provar melhor que os outros talvez não fosse pra me sentir bem comigo mesma, mas pra me sentir bem com você.
Você costumava me comparar com as outras, lembra? Que uma delas era tão inteligente que você ficava impressionado. Que outra tinha uma determinação férrea e não desistia de seus objetivos. Que uma terceira era tão feliz com a vida e bem sucedida mesmo tão jovem que você se perguntava como isso era possível. Quanto orgulho, quanta alegria.
Enquanto isso eu não me esforço o suficiente academicamente. Largo projetos inacabados, ideias soltas que nunca chegam a tomar forma fora do papel. No auge dos meus 20 e poucos anos não tenho um emprego, não tenho motivação pra fazer coisas, mal tenho amigos e passo meus dias enfurnada em casa. Quanta decepção, quanta tristeza.

Onde será que tudo deu errado? Queria muito saber em que curva do caminho as coisas desandaram e nos trouxeram pro ponto no qual estamos hoje.
Porque nem sempre foi assim, mas não sei se você lembra. Nosso mundo já foi cheio de risadas, carinho e afeto. Minha presença na sua vida já foi um motivo de tanta alegria pra você, e eu era tão feliz em ter você por perto.

Infelizmente o tempo passou e as coisas mudaram. Tudo que ficou foram os acenos de cabeça, os cumprimentos superficiais, as trocas de favores e o gosto amargo do desapontamento. E aprendemos a viver assim, cada um seguido seu caminho e compartilhando apenas o que fosse necessário.

E aí as coisas explodiram.

Eu queria saber um jeito de fazer tudo voltar ao que era, mas nós dois sabemos que somos teimosos demais pra dar o braço a torcer. Você nunca vai se desculpar por ter me magoado daquela forma, e eu nunca vou te deixar perceber o quão profundamente aquilo me afetou. Você vai continuar fingindo que não aconteceu, ou que não foi nada demais - na verdade, acho que isso é o que você realmente acredita - e eu vou continuar me perguntando como alguém consegue viver assim. Vamos seguir nossas vidas, nossos acenos de cabeça e trocas de favores, enquanto você segue com seu olhar amargo e eu com o peso de ser uma decepção.

O que diabos aconteceu com a gente, pai?
Espero que eu consiga descobrir a tempo.

2/12/2014

Sobre o que se passa na cabeça.

Acordar tarde, sair da cama mais tarde ainda e desperdiçar horas com coisas que não fazem muito sentido. Dormir de tarde e não conseguir dormir de noite porque parece que o sono fugiu pra bem longe...e ainda assim morrer de sono quando deveria ficar acordada. Prometer fazer mil coisas, escrever listas de tarefas, combinar vários encontros com os amigos, e no fim das contas acabar assistindo 30 filmes sozinha. Correr na praia, correr no asfalto, correr na calçada, correr em qualquer lugar que possa ser corrido até os pulmões não aguentarem mais e todos os outros órgãos do corpo pedirem por uns minutos de descanso. Comer, comer, comer, comeeeeer, porque comida de mãe é a melhor coisa do mundo e todos os dias de bandejão  ajudam a lembrar disso. Ler e reler todos os títulos favoritos da estante (que é uma das coisas que mais fazem falta), mexer nas gavetas e olhar os murais de fotos. Acordar o irmão fazendo montinho todo dia e ouvir ele reclamar que tá sendo atacado por uma baleia orca. Subir no telhado com a câmera na mão e gastar horas observando as pessoas e o céu, e pensando em tudo que se pode ser pensado nessa vida. Desperdiçar um tempo maior do que o recomendado online, matando a saudade de todos os que estão mais longe do que deveriam. Estar com os familiares que só se vê uma vez no ano, e com a família que é menos vista do que deveria. Sentir saudade dos que ficaram lá, dos dias no Casarão Rosa mais bonito da cidade, de risadas sem motivo e das pessoas que tornam os dias melhores naquela cidade absurdamente quente.

Ah, férias...vocês vão fazer falta.

12/31/2013

Adeus ano velho.

Costumo ficar esquisita nos finais de ano. É inevitável sentir aquela nostalgia estranha, ou aquele desejo gritante de que o ano acabe de uma vez, e que um novo chegue cheio de promessas e expectativas (mesmo que nada extraordinário aconteça no fim das contas). Ao final do ano passado eu estava em um estado de agonia e ansiedade por 2013. Não que 2012 tenha sido um ano horrível, mas os últimos meses foram especialmente complicados e eu não via a hora de recomeçar (aliás, é engraçado como temos essa mania de esperar o ano começar pra fazer as coisas, fazer promessas e resoluções, planejar mudanças de vida e etc).

Eu esperava MUITO de 2013. E não me desapontei.

Em 2013 eu mudei.
Mudei de cidade, mudei de casa (2 vezes!), mudei de emprego, mudei de faculdade, mudei de corte de cabelo, mudei minha cabeça em relação a várias coisas que eu não pensei que mudaria, mudei de hábitos,  mudei minha visão do mundo, mudei de amores.

Em 2013 eu me apaixonei.
Me apaixonei por lugares novos, me apaixonei por lugares antigos, me apaixonei pelo meu novo curso, me apaixonei pelo meu campus, me apaixonei pela minha universidade, me apaixonei por músicas, me apaixonei por bandas, me apaixonei pelos meus amigos (novos e antigos), me apaixonei por livros, me apaixonei por personagens fictícios, me apaixonei por pessoas.

Em 2013 eu ri.
Ri dos outros, ri de mim mesma, ri sozinha, ri acompanhada, ri forçadamente, ri até a barriga doer, ri pra não chorar, ri de desespero, ri por falta de coisa melhor pra fazer, ri pra lavar a alma.

Em 2013 eu chorei.
Chorei de alegria, chorei de tristeza, chorei de saudade, chorei de reencontro, chorei por mim, chorei por outros, chorei por perdas, chorei de desespero, chorei com filmes, chorei pra transbordar, chorei de medo, chorei por chorar.

Em 2013 eu falei.
Falei sozinha, falei com outros, falei demais, falei de menos, falei o que não devia, falei o que deveria ter falado há tempos atrás, falei por falar.

Em 2013 eu escrevi.
Escrevi pra mim, escrevi pros outros, escrevi pra limpar a mente, escrevi bem, escrevi mal, escrevi até a mão doer, escrevi pra ganhar nota, escrevi porque quis.

Ao fim de tudo, 2013 foi ótimo. Obrigada a todos que fizeram esse ano tão especial. 2014 tá cada vez mais perto e dessa vez, manterei minhas expectativas baixas.

Feliz Ano Novo!